O que é Educação Consciente?

A parentalidade consciente ganhou forma para mim com a leitura do meu primeiro livro da Micaela Öven, no início de 2019. Até lá, apenas sentia que não me revia na parentalidade dita tradicional mas sem ter total consciência de como fazer diferente, por onde começar. A leitura deste livro trouxe-me muita consciência acerca da minha responsabilidade no tipo de comunicação com a minha filha, na qualidade da minha presença nos momentos com ela, na minha capacidade de auto-observação de pensamentos, bem como, na reflexão dos comportamentos que advinham desses pensamentos e das emoções associadas.

A parentalidade consciente assenta em 4 valores principais, o igual valor, o respeito pela integridade, a autenticidade e responsabilidade pessoal. É a partir destes valores que qualquer pai e/ou qualquer educador pode construir as suas intenções para o tipo de relacionamento que quer ter com as crianças. Quando conhecemos o que cada valor representa, estamos nas condições ideais para definir o que esperamos do relacionamento, mas sem expetativa.

parentalidade consciente, ao contrário da parentalidade tradicional e da parentalidade permissiva, é uma parentalidade que olha para a criança com respeito pelos seus sentimentos, emoções, pensamentos e comportamentos. Neste tipo de parentalidade a criança pertence ao grupo, ao todo, independentemente do seu comportamento no momento. A criança é acolhida tal como é, respeitada e integrada no círculo, sempre. A criança sabe que o líder é o adulto mas sabe que tem o mesmo valor que o adulto e ser criança não a torna menor no seu valor. A parentalidade consciente traz conceitos absolutamente transformadores tanto para pais como para educadores!

Desde muito cedo que somos condicionados e de certa forma desvalorizados. Quantos de nós dissemos que não queríamos comer mais e tivemos que comer a quantidade de comida que o adulto decidiu ser suficiente? Quantas vezes dissemos que não queríamos dar um beijo a alguém e fomos obrigados a fazê-lo? Quantas vezes nos disseram que não tínhamos motivos para chorar? Na verdade, quando uma criança exibe este tipo de comunicação, está só a assumir a sua responsabilidade pessoal na decisão sobre a quantidade de comida com a qual se quer alimentar. Uma criança mostra claramente aquilo que acredita ser bom para ela ou não quando verbaliza os seus limites pessoais, mesmo que isso implique não dar um beijo a alguém. É autêntica quando comunica os seus pensamentos e as suas emoções porque a verdade está naquilo que sente.

Se os adultos praticassem o igual valor, não diminuíam a importância do que as crianças dizem e sentem. Quando desvalorizamos este presente que nos dão, sempre que nos mostram o seu maior tesouro que é o seu interior, para além de perdermos a oportunidade de a conhecer melhor, aquilo que a criança ouve é, “não se importa comigo“, “não me ama“. Conseguem ver o impacto disto na construção da personalidade e como impacta a vida adulta? Constantemente permitimos que ultrapassem os nossos limites, dizemos sim quando na verdade queremos dizer não, escondemos muitas vezes o que pensamos e sentimos apenas para sermos aceites… Quão bonito seria se hoje, a partir de agora, deste momento, pudéssemos fazer diferente?

Não quero com tudo isto dizer que o trabalho feito pelos pais e educadores está errado! Claramente a intenção era positiva. Estes pais e educadores estavam simplesmente a replicar o que fizeram com eles e acreditavam verdadeiramente estar a fazer o correto. De certa forma até foi porque, foi isso que nos trouxe aqui, à evolução. Sabemos que tudo o que não está a crescer e a evoluir, tende a perecer. Basta olhar para a natureza! Então, se nos basearmos nesta premissa, tudo faz parte da evolução e da constante melhoria.

Quando olhamos para o nosso interior e percebemos que é por aqui que tudo começa e que tudo o que nos rodeia é apenas um reflexo de nós próprios, conseguimos efetivamente ser verdadeiros agentes de mudança!

Aqui fica a pequenina ponta do iceberg de tudo o que a parentalidade consciente pode trazer à forma como nos relacionamos connosco e como transmitimos isso através da educação que vamos passando, de geração em geração. Mais do que uma forma de exercer a parentalidade, é uma forma de educação e uma forma de nos relacionarmos com todos os que fazem parte da nossa vida.

Se te revês nesta reflexão e sentes que estes e outros conteúdos te podem ser úteis enquanto pai, mãe, educador, estou disponível para te ajudar a dar os passos de que precisas. Todos estes conceitos são aplicáveis a famílias e escolas.

A mudança começa por pequenos passos, que possas dar o teu primeiro pequeno grande passo no sentido de transformar a tua vida e a de todas as crianças!

“Sê a mudança que queres ver no mundo” (Mahatma Gandhi)